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A EQUAÇÃO DO AMOR

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No agreste paraibano, numa cidade chamada Araúna, Valberto Faustino da Silva, 22 anos, declarou seu amor à sua companheira, Joelma Santos Silva, 43 anos, que precisou tirar um dos seios após ser diagnosticada com câncer de mama. Gostaria de propor-lhes uma reflexão sobre o amor em torno desse caso concreto. Feita a proposta, é preciso destacar que amor pressupõe relacionamento. No capítulo 4 da sua primeira carta, João nos traz a novidade de que Deus é amor . Deus é ágape (no grego). E ágape é o amor relacional. Podemos pensar no amor como uma equação. O amor é o resultado da soma de afeição, atitude de entrega, cuidado e de correção (amor = afeição + atitude de entrega + cuidado + correção). Valberto e Joelma permanecem juntos porque existe afeição entre eles e este afeto é recíproco. Não quero fazer da minha experiência pessoal uma regra, mas, a partir do meu tentame pude perceber que a afeição não resiste à falta de reciprocidade. Se não existe afeição recípro

Estrada

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Estrada que durante o dia é iluminada pelo sol e que a noite é resplandecida pelos faróis dos veículos automotores que passam por ela. Quantos desconhecidos que se cruzam nos cruzamentos da estrada e quantos se conhecem entre as colisões dos parachoques. Animais que atravessam para o outro lado em busca de alimento acabam atropelados, muitas vezes, perdendo a vida. Famílias que viajam de férias; caminhoneiros solitários que voltam para casa. Passagem, ultrapassagem e aquaplanagem marcam o vai e vem dos desenfreados, que para chegarem logo no destino, não pisam no freio. Pneus furados, motores fundidos, crianças chorando e casais brigando fazem parte do enredo de qualquer estrada. Estrada que corta pedágios. Estrada que é caminho de muitos autos. Estrada que margeia postos de gasolina, empresas, fazendas e pequenos sítios. Estrada que permite sentir a brisa, o vento e a tempestade. Estrada que certas pessoas se acidentam e outras morrem. Estrada que parece um tapete; estrada esburacada

À DERIVA

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 De quando em quando parece que estamos num barquinho em alto-mar, de repente a onda vem e nos lança para fora. As águas estão agitadas e os nossos braços não têm tanta força para nadar. Não sabemos para onde ir, sequer temos a direção de um lugar seguro. O desespero toma conta do nosso ser. As braçadas perdem o ritmo agitado tornando-se cada vez mais espaçadas. Bate o cansaço, o fôlego falta... Afundamos. Água salgada entra pelo nariz, ocupa os pulmões e arrebenta as células do sangue. Sorvemos muita água, o pulmão se transforma em charco, asfixiamo-nos, a consciência dá lugar à inconsciência, enfim morremos. Sim, às vezes, sentimo-nos que estamos à deriva. Se este sentimento toma conta da nossa mente, logo precisamos nos atentar para o que está acontecendo. Estar à deriva é perder a rota. Somos o capitão do navio, isto é, da nossa vida. Por que desviamos da rota? Ou será que as ondas que nos atingiram foram tão fortes ao ponto de fazer com que o barco da existência saísse do cami

FELICIDADE

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Você, caro leitor, já ouviu frases como “o importante é ser feliz” ou “eu só quero é ser feliz”?   Por que em um tempo onde a maioria busca ser feliz encontramos tantas pessoas infelizes? Qual é o fato gerador da felicidade? A felicidade tem de ser buscada ou vivida? A felicidade está somente na linha de chegada ou podemos ser felizes durante o caminho? Hoje refletiremos sobre a felicidade.  Sócrates, filósofo grego, acreditava que a virtude era uma qualidade essencial, sendo assim as pessoas deveriam se esforçar para serem virtuosas, portanto, para ele felicidade seriam o bem da alma, através da conduta virtuosa. Em contra partida, para o filósofo prussiano, Immanuel Kant, a felicidade está no campo do prazer e não no âmbito da virtude como dizia Sócrates. Creio que podemos encontrar o conceito de felicidade na origem da palavra. A palavra “felicidade” vem do verbo grego phyo e significa “produzir”, que traz a conotação de “produtivo”, “fecundo”. “Felicidade” também tem ori

AGAPAO

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O apóstolo João, em sua primeira epístola, traz aos cristãos o seguinte mandamento: “Amados, amemo-nos uns aos outros porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.” (1 João 4, 7). A ordem é a seguinte: agapao . Agapao no grego é “receber com alegria”, “acolher”, “amar ternamente”, com respeito às pessoas significa “estar satisfeito”. Não há possibilidade de amar quem nunca passou pelo acolhimento; não existe amor entre duas pessoas que não se receberam com alegria. Não é amor se algo que os amantes sentem não seja terno, suave e pacífico. O amor traz um estado de satisfação de modo que não existe a necessidade de algo a mais. O plus no amor é desnecessário. Por que devemos amar? Devemos amar porque o amor procede do eterno Deus. O amor tem origem no Eterno; ele é a fonte do amor. O banquete de amor ( ágape no grego) é posto por Deus. Associe amor com banquete. Lembre-se do livro O Banquete de Platão. Entre os amantes sempre há um ba

CATARINA

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Sabe quando você está assim sei lá? Então, eu estou assim. Parece-me que as coisas não estão fluindo. A minha impressão é que tudo o que eu faço não está bom para a Catarina. Sequer estou conseguindo escrever. Não durmo o famoso sono dos justos. Até durmo, mas acordo cansado e com sono. Não tenho disposição para nada, nem para o sexo. Eu era um leitor contumaz, não sou mais. Só sei trabalhar. Não estou desempenhando a minha função com diligência. Tornei-me um desidioso. A minha vontade era me tornar um vagabundo, sem rumo determinado, que perambula por aí. Catarina esqueceu-se de mim, não me procura, não me deseja, não sente mais excitação. Claro que ela não liga mais pra mim, perdi o apetite sexual, não tenho mais ereções como tinha antigamente. Estou doente. Minha diabete está mal controlada. A falta de controle acarretou na impotência sexual. Eu até controlo o açúcar, não sou de comer doces, mas como muita massa e tomo bastante cerveja. Na verdade, bebo para esquecer. Bebo par

ENTÃO É NATAL

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Simone cantou “Então é natal/ e o que você fez?”. Podemos filosofar a partir dessa música embora ela seja natalina. Não precisamos esperar o natal para refletirmos em torno das coisas que estamos fazendo. O que estamos fazendo? Fazer é desenvolver algo a partir de uma ação. Quais foram as nossas ações até aqui? Para a filosofia, a ação é a maneira específica da atividade humana, resultado de sua condição de ser livre. A diferença entre o homem e os demais seres vivos consiste no fato de o homem ter nascido livre e não programado geneticamente como um animal o é. Isso é muito bom porque gozamos de liberdade e isso também é muito ruim porque somos eternamente responsáveis pelas nossas ações, sejam elas boas ou más. O filósofo Immanuel Kant formulou a seguinte questão: o que devo fazer? O ser livre está perpetuamente condenado ao ter de agir. Fazer escolhas é algo natural na vida do homem livre. Escolher entre o bom e o ruim, entre o bem e o mau, entre o certo e o